Entrando no Mundo da Certificação Florestal

certificação florestal

Posso dizer que durante os cinco anos em que cursei Administração na UFV eu me senti mais um “trabalhador que fazia um curso à noite” do que propriamente um “universitário”.

Eu via meus colegas de turma fazendo estágio em empresas, participando de programas de iniciação científica, de grupos PET (Programa de Educação Tutorial), da empresa júnior ou do diretório acadêmico do curso, e eu pensava: “Eles estão aproveitando o tempo na universidade e eu? Estou “preso” nesta empresa”. Sentia um pouco de frustração por isso.

Por outro lado, eu era um dos três ou quatro de uma turma de mais de trinta alunos que trabalhava efetivamente em uma empresa e isso despertava, de certa forma, admiração nos demais colegas. Era como se nós, ainda na graduação, já tivéssemos rompido a “barreira do desemprego” e estivéssemos “encaminhados na vida”. Pura ilusão rsrsrs. Na realidade eu sempre pensava aquele emprego como um “trampolim” para que eu pudesse alçar voos mais altos.

Aprendi bastante lá, mas eu sabia que chegaria o momento de buscar novos horizontes. E, nesses novos caminhos, estava a necessidade de efetivamente adentrar no meio acadêmico. A aprovação do mestrado em Julho/2003 significou muito para mim. Era a afirmação pessoal de que, uma pessoa que sempre trabalhou durante toda a graduação, teria a possibilidade de, enfim, ser um “universitário” de verdade. Sempre digo que passar no vestibular em Administração (com cerca de onze candidatos por vaga), passar no doutorado, obter a aprovação na Universidad de Zaragoza (Espanha) para fazer o pós-doutorado, publicar meus livros, foram momentos importantes em minha vida. Todavia, ser aprovado no mestrado, naquela época da minha vida, teve um significado maior e, digo, sem sombra de dúvidas, que foi um “divisor de águas” em minha vida profissional e acadêmica.

Ao ser aprovado no mestrado em Engenharia Florestal, fui conversar com o orientador, prof. Laércio Jacovine. Já havia feito a disciplina dele no semestre anterior o que, de certa forma, facilitou o contato e ajudou nas primeiras conversas sobre o tema a ser desenvolvido no mestrado.

Logo no início percebi que havia entrado em uma nova área, bem diferente da Administração, e eu que teria que me adaptar à nova casa, e não o contrário. Era preciso que eu usasse todo conhecimento e habilidade que eu tinha em Administração (e nem acho que era tanto assim, na época) a serviço da Engenharia Florestal.

Mas e aí? O que um administrador poderia fazer de útil para a área florestal? Nossas primeiras conversas foram neste sentido. Parecia que eu não iria encontrar uma “ponte” entre a Administração e a Engenharia Florestal. Daí, como se fosse aquele personagem de um programa antigo da televisão (“captei vossa mensagem”) recebi uma inspiração na hora: “e se trabalhássemos a certificação florestal no polo moveleiro de Ubá?”. Ora, este polo moveleiro fica a cerca de 60 km de Viçosa, e por ser a cidade em que eu fui criado ficaria mais fácil (acreditava eu) realizar a pesquisa nas indústrias de móveis.

Assim, eu poderia analisar aspectos como o conhecimento dos empresários acerca da certificação florestal, se ela constituía um fator estratégico no presente ou se estaria nos planos futuros dessas empresas. Poderia avaliar o tipo de matéria-prima que eles adquirem dos fornecedores a fim de saber se eram certificados, condição essencial para prosseguimento da certificação florestal na indústria de móveis.

Enfim, existiam vários “pontos de afinidade” entre a Administração (empresas, marketing, estratégia, fornecedores, matéria-prima) e a Engenharia Florestal (certificação florestal).

Saí daquela reunião esperançoso de que eu pudesse realizar um bom trabalho. Tive algumas dificuldades para obtenção de informações nas empresas, pois, muitas delas não estão dispostas a nos atender, principalmente quando a gente chega dizendo que é estudante da universidade e está fazendo uma pesquisa.

No entanto, acredito que o trabalho logrou êxito, haja vista que publicamos cinco artigos científicos da dissertação de mestrado em boas revistas, todas bem classificadas no Qualis Capes (caso alguém se interesse em vê-los, eles estão disponíveis para download em nosso website administracaoverde.com.br).

O mestrado foi um treinamento importante para que mais habilidades fossem trabalhadas no doutorado. Nesta etapa, acabei revisitando toda teoria de marketing, comportamento do consumidor e estratégia competitiva, algo que deu bastante trabalho, mas foi extremamente gratificante. Mas, isso será papo para uma outra conversa nossa, ok?

Até a próxima!

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