Quem acompanha o presente blog já viu que nunca havia passado pela minha cabeça ser professor, pois até o término da graduação em Administração, eu tinha sérias dificuldades em fazer apresentações em público.
No entanto, alguém poderia se perguntar se eu já havia pensado em ser escritor antes. É até engraçado responder sobre isso, porque eu me lembro que aos dez anos de idade eu dizia duas coisas com bastante ênfase. A primeira era que eu iria morar no Rio Grande do Sul e a segunda era que eu seria escritor. Tanto minha família como meus colegas na universidade sabiam disso! rsrsrs Coincidentemente fui morar no estado gaúcho e tive os dois primeiros livros publicados justamente no mesmo ano: em 2011.
Sobre morar no Rio Grande do Sul, eu comento em outra oportunidade, fazendo um texto a respeito. No tocante a ser escritor, confesso que aos dez anos de idade eu pensava que iria escrever literatura e não livros didáticos de Administração e Sustentabilidade rsrsrs
Comentei em um texto anterior aqui no blog que a ideia de escrever livros sobre meio ambiente e empresas surgiu a partir de uma conversa com o orientador de mestrado/doutorado, professor Laércio Jacovine. Argumentei que os poucos livros sobre o assunto contavam mais a história das lutas ambientais, conferências sobre o clima e muito superficialmente sobre a relação delas com as empresas. Eu sempre questionava de o porquê a teoria tradicionalmente usada na Administração não incorporar as discussões ambientais, haja visto que se fala muito de escassez de matéria-prima, otimização de recursos naturais e de imagem e valor sustentável. Todos temas ligados à sustentabilidade ambiental nas organizações! De forma sábia, o professor respondeu: “se não há, então escreva!”.
A partir daí coloquei isso como desafio até o final do doutorado. Comprei livros e mais livros sobre comportamento do consumidor, marketing e estratégia nas empresas. Eram livros da teoria tradicional estudada na Administração. Fiz infindáveis anotações e desenhava os modelos, já pensando em adaptá-los para a discussão ambiental. Mas com que autoridade eu poderia fazer algo? Logicamente, eu sabia que teria que ler e reler muitos livros, e analisar cuidadosamente tudo para, enfim, propor algo diferente. É claro que a responsabilidade seria grande, mas eu iria me alicerçar em grandes autores, o que me ajudaria na credibilidade de meus argumentos e propostas.
Sobre a questão de “quem sou eu para propor algo diferente”, preferi, sinceramente, não pensar muito sobre isso. Muitos dos questionamentos feitos geralmente são realizados por pessoas que nunca escreveram uma linha sequer, mas que adoram criticar. Melhor não dar ouvidos. O trabalho tinha que ser feito, mesmo que não fosse aprovado por algumas pessoas. Sempre digo que “quem escreve ou se apresenta em público está sempre dando a cara a tapa!”, ou seja, é suscetível a elogios, mas principalmente a críticas, sendo que muitas delas são severas. Como dito antes, em alguns casos, são críticas realizadas por pessoas que nunca tiveram coragem de propor algo diferente, de ousar, de “dar a cara a tapa”. Criticam de longe e não saem de sua zona de conforto.
No entanto, diferentemente do que possa parecer, não estou criticando ninguém com essas palavras. A bem da verdade, naquela época era eu mesmo que me fazia estas perguntas rsrsrs
Eu precisava romper este paradigma que temos de “endeusar” autores somente porque publicaram bastante. Em uma área como a Administração, que pertence a Sociais Aplicadas, o objeto de estudo é o ser humano e suas interações com a sociedade e com o planeta. E não há nada mais inconstante no universo do que o ser humano rsrsrs
Podemos acordar pela manhã e estarmos felizes. Ao meio dia, após o trabalho, estarmos de mau humor. Na parte da tarde, voltarmos a estar alegres e a noite ranzinzas novamente. Difícil até de explicar as razões que podem levar a tamanhas oscilações. O mesmo se aplica às opiniões que todos nós temos. São as mais variadas possíveis e, em alguns casos, mesmo opiniões totalmente contraditórias podem ser válidas dependendo da circunstância em que são aplicadas.
E por que isso ocorre? Porque, meus caros, a Administração não é uma ciência exata como a matemática, a química e a física.
Tendo pensamentos nessa direção eu comecei a acreditar que, como ser humano, composto de defeitos e virtudes, eu poderia dar minha contribuição escrevendo alguns livros. Que eu não seria nem melhor nem pior que os autores que já existem no mercado, mas que eu poderia imprimir meu próprio estilo e, quem sabe, ter sucesso algum dia. Ainda persigo isso, mas os primeiros passos foram dados.
Nesse contexto, eu comecei meu “trabalho de formiguinha”. Comprei os livros sobre comportamento do consumidor, marketing e estratégia e, como havia dito antes, fazia anotações e desenhava os modelos para posteriormente fazer as adaptações.
Logo percebi algo que não havia dado conta quando estudava a Administração: que todas as teorias do curso são intrinsicamente ligadas! E nem poderia ser diferente, haja visto que todas elas visam a estudar a ciência dos negócios e a propor a oferta de maior valor para os clientes e, em extensão, para toda a sociedade e para o planeta.
Isso me fez pensar em um modelo que unisse as principais teorias da Administração e sua relação com as questões ambientais. Esse modelo foi esboçado na tese de doutorado, aperfeiçoado no livro sobre Marketing Ambiental, até chegar a uma versão final, que é o modelo que aparece como figura deste texto (ele também está na página 61 do livro Administração Verde).
Como havia notado que as três teorias são intimamente ligadas (comportamento do consumidor, marketing e estratégia) escrevi os três livros quase na mesma época. Isso foi na segunda metade de 2008. Na metade de 2009 submeti os três livros à Editora UFV, sendo que foram aprovadas as obras sobre comportamento do consumidor e estratégia dando origem, respectivamente, ao livro “Consumo Verde: Comportamento do Consumidor Responsável” e “Empresas Verdes: Estratégia e Vantagem Competitiva”.
Estes dois primeiros livros foram publicados em 2011. Em 2015 foi publicado o livro “Certificação Florestal na Indústria”, e, em 2017, o livro “Marketing Ambiental”, ambos pela Editora Manole. Todos estes livros foram escritos ainda na minha “primeira fase”, digamos assim, de escritor. A diferença das datas de publicação apenas diz respeito ao trâmite e atualizações que cada um deles precisou para entrar no processo de avaliação das editoras.
Posso dizer, com total segurança, que evoluí bastante como autor desde estes primeiros escritos. Quando revejo principalmente os dois livros publicados em 2011, penso em quanto posso melhorar a escrita deles, facilitando ainda mais o entendimento por parte do leitor, além da maior experiência que possuo. A grande vantagem é que, em se tratando de livros, isso é possível.
Esperamos que em 2018 possamos lançar a segunda edição de “Consumo Verde” e de “Empresas Verdes”, com mais informações e com um estilo de escrita mais suave, fruto da minha maior experiência como escritor. Parte desta experiência, e mudança no estilo de escrita, veio com a publicação dos últimos livros, em particular o “Administração Verde: O caminho sem volta da sustentabilidade nas organizações” (Elsevier) e o “Consumo Consciente: Por que isso nos diz respeito?”.
Em outros textos falaremos mais sobre livros e como eu, particularmente, faço para estruturar uma nova obra.
Até a próxima!