Ciclo de vida e obsolescência programada

Ciclo de vida e obsolescência programada

O ciclo de vida dos produtos tem sido reduzido para que produtos mais novos sejam lançados no mercado, induzindo os consumidores a se desfazerem dos produtos antigos para adquirir novos. É a chamada obsolescência programada e que contribui para o descarte de inúmeros produtos no meio ambiente, muitos dos quais com pouco uso.
Para ser mais completo, o ciclo de vida de um produto deve considerar os impactos ambientais em que cada etapa de desenvolvimento, transporte, comercialização e descarte do produto
Evidentemente, realizar uma análise de vida completa de um produto considerando os impactos ambientais em todas as etapas é um processo complexo e dispendioso.
Nesse tipo de análise são considerados os impactos ambientais do produto desde a extração da matéria-prima até o seu destino final. É possível, também, fazer análises menos completas, limitando o ciclo até à fabricação dos produtos. Contudo, o ideal é a empresa repensar o ciclo de vida útil de seus produtos, levando em consideração os diversos materiais, visando a uma futura reciclagem dos produtos, com a possibilidade de transformá-los em novo material ou reaproveitando sua energia.
Segundo Ottman (2012), o primeiro passo é definir a unidade funcional e o sistema do produto. Por exemplo, ao realizar uma análise de ciclo de vida de uma escova de dente, é preciso decidir se deve ser analisada apenas a escova de dente ou incluir a embalagem também. Deve-se incluir a água e a pasta de dente usadas ao longo da vida da escova de dente? E os impactos associados com o transporte das escovas de dente às lojas? Provavelmente não, mas calcular a energia usada no transporte seria totalmente adequado.
Quando os limites forem determinados, continua a autora, é necessário quantificar o uso de energia, recursos e emissões associados com a obtenção da matéria-prima, manufatura e produção, embalagem, distribuição, uso (por exemplo, uso de energia, água e outros consumíveis) e pós-uso (por exemplo, reciclagem e recuperação) ou descarte final. Depois de analisar os dados, a empresa deve identificar problemas e oportunidades e reservar os recursos para abordá-los como prioridade.
O importante na análise do ciclo de vida é ter um instrumento de medição que ajude a avaliar o nível de impacto ambiental de um bem, para que se possa comparar essa medida em diferentes produtos e processos, e a criar alternativas que minimizem os danos ao meio ambiente. Pensando nessa situação, uma importante rede de supermercados desafiou seus fornecedores a fabricarem produtos mais sustentáveis a fim de oferecê-los a seus clientes.
Pela sua aparente complexidade, a análise de ciclo de vida parece ser uma atividade impraticável nas empresas, mesmo que ajude a determinar importantes impactos ambientais como, por exemplo, o gasto de energia. Contudo, ela tem sido utilizada. Segundo Ottman (2012), muitas indústrias do mundo têm realizado a análise de ciclo de vida em diversos setores que vão desde empresas de papel, papelão, vidro, aço, luz, energia, alumínio, embalagens plásticas de bebidas e sistemas de entrega para verificar os gastos com transporte. Além disso, muitas tecnologias diferentes se desenvolveram, em quantidade e em qualidade. Algumas delas permitem que as empresas realizem suas próprias análises de ciclo de vida com a ajuda de ferramentas sofisticadas de software, com o SimaPro, GaBi, e Umberto, programados com estimativas dos impactos ambientais de diversos materiais e processos.
Estabelecer a análise de ciclo de vida de um produto, levando em consideração seus impactos ambientais, pode ajudar a empresa a repensar projetos de produtos e buscar alternativas de matérias-primas mais fáceis de serem recicladas ou reutilizadas, por exemplo. A revalorização de produtos após o fim de vida útil tem sido importante tanto por aspectos ambientais, por se preocupar com a destinação final dos resíduos e lixo, como também por aspectos sociais e econômicos, ao proporcionar que muitas pessoas e empresas entrem nesse ramo de atividade, como catadores, usinas de reciclagem, mercado de produtos de “segunda mão”, entre outros, dando origem ao processo de logística reversa (ALVES, 2017).
Em resumo, sempre que possível, a empresa deve avaliar e minimizar os impactos ambientais negativos ao longo do ciclo de vida de seus produtos. Para que isso ocorra, é importante que a empresa repense e reprojete seu produto quantas vezes forem necessárias para que ele seja mais facilmente reciclado ou reutilizado após o período de vida útil ou, então, que seja desmanchado para que suas peças sejam reutilizadas.
Embora aparentemente negócios e sustentabilidade sejam áreas conflitantes, Kotler e Armstrong (2015) destacaram que muitas empresas têm adotado políticas de ambientalismo sustentável, ou seja, desenvolvido estratégias que não somente conservam o meio ambiente, mas também geram lucros para a empresa. Essas empresas estão agindo não porque alguém as está forçando ou para ganhar lucros imediatos, mas por ser a coisa certa a fazer – tanto para a empresa quanto para o futuro ambiental do planeta.
 (Trecho retirado do nosso livro “Consumo Consciente: Por que isso nos diz respeito?” Acesse www.administracaoverde.com.br)

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