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Você sabe o que é Consumo Colaborativo?

A economia compartilhada, também denominada de economia mesh (GANSKY, 2012), consumo colaborativo (BOTSMAN; ROGERS, 2011) ou consumo conectado (DUBOIS et al., 2014), é uma nova tendência que se expande por meio de novas organizações e novos modelos de negócio, com foco no compartilhamento (GANSKY, 2012).

O consumo colaborativo pode ser entendido como uma forma recente de negócios que aproveita as mudanças tecnológicas, particularmente a internet. De acordo com Botsman e Rogers (2011), ao contrário do consumo tradicional, o consumo na economia compartilhada baseia-se nas pessoas que trabalham de forma colaborativa, compartilhando ideias e práticas e gerando interações, promoções e venda de produtos de forma cooperativa.

Diversas iniciativas e práticas podem ser chamadas de consumo colaborativo. Silveira et al. (2016) destacaram o eBay, ZipCar, Uber, Airbnb, Freecycle, CouchSurfing e também as iniciativas de coworking em todo o mundo. O consumo colaborativo, destacam as autoras, nas suas mais variadas formas, é uma realidade constituída de desafios relativos às formas e modelos de organização.

O consumo colaborativo é considerado um sistema socioeconômico construído em torno do compartilhamento de recursos humanos e físicos. Vários dos aplicativos apresentados no capítulo anterior funcionam sob a lógica do consumo colaborativo. De acordo com Gansky (2012), ele inclui a criação, produção, distribuição, o comércio e consumo compartilhado de bens e serviços, tanto por pessoas como por organizações. Além disso, segundo Botsman e Rogers (2011), essas iniciativas comerciais englobam transações como o compartilhamento, empréstimo, aluguel, doação, trocas e escambo.

Uma das iniciativas de consumo colaborativo é a plataforma online alemã chamada foodsharing.de. Ela tem como objetivo levar as pessoas a repensar um dos problemas ambientais mais recorrentes, que são as sobras de alimentos. A maioria das pessoas cozinha em grandes quantidades, acumula alimentos para o futuro incerto, compra demais e não reaproveita sobras. Cada alemão, por exemplo, joga fora cerca de 80 quilos de alimento por ano.

Todos os usuários, sejam indivíduos ou empresas, podem simplesmente se registrar online e criar uma cesta de alimentos, descrevendo os itens que não vão mais usar e que gostariam de oferecer a outros de graça. Com ajuda de um mapa interativo, é possível saber que alimentos há para serem recolhidos e em que cidade. Em seguida, é só trocar e-mails e combinar um ponto de encontro para que a troca se complete.

Quem não deseja convidar estranhos para sua casa ou estabelecimento, pode deixar a mercadoria em um dos chamados foodsharing-hotspots. Soa moderno, mas trata-se apenas de armários comuns no meio da cidade, em que as pessoas podem pegar e depositar alimentos.

Todavia, se uma pessoa precisa atravessar a cidade só para pegar um quilo de batatas, por exemplo, o sentido ecológico do projeto se perde. Pensando nisso, a ideia é ter muito mais membros na plataforma para que a coisa possa funcionar entre vizinhos. O objetivo parece possível, pois ao final de apenas quatro semanas de existência, a plataforma já contava com mais de 5 mil membros.

Há uma iniciativa brasileira bem parecida que se chama Comida da Gente, cujos princípios são baseados no trabalho interativo e colaborativo. Seus integrantes agem em um espírito de cooperação e empreendedorismo, fazendo com que essa dinâmica proporcione uma cadeia mais eficiente, com eliminação de desperdícios e aproveitamento de recursos ociosos, estabelecendo relações de confiança e o fortalecimento de laços comunitários.

O Comida da Gente é uma rede que objetiva ligar diretamente o produtor ao consumidor, por meio da organização de compras colaborativas, apoiando os produtores locais e visando a diminuição do custo de aquisição. A plataforma possui integrantes em várias cidades do Brasil, e disponibiliza não apenas alimentos, mas também produtos de limpeza, artesanatos, higiene e outros.

(Trecho retirado do livro “Consumo Consciente: Por que isso nos diz respeito?”. Para mais informações acesse: www.administracaoverde.com.br).

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Produção de bens ou proteção dos recursos naturais?

O consumo de bens e serviços visando ao bem-estar e a qualidade de vida constitui-se em um dos objetivos mais importantes para determinados indivíduos. Adquirir uma casa no centro da cidade ou em algum bairro luxuoso, comprar um carro novo ou mesmo ter condições de realizar viagens a passeio com a família na época das férias representa, para muitas pessoas, sinônimo de prosperidade e indicador de satisfação em suas vidas.

Todavia, para que os inúmeros bens e serviços que se tem na sociedade moderna estejam à disposição dos consumidores, é necessário que eles sejam produzidos e ofertados. Para que uma pessoa compre uma casa, por exemplo, é preciso que antes alguém tenha adquirido um terreno, comprado os materiais de construção como tijolos, cimento, ferragens etc, contratado pessoas para realizar a obra e finalmente regularizado a documentação do imóvel junto a cartórios e ao governo. A obtenção dos materiais de construção da casa demanda necessariamente a utilização de recursos naturais. O mesmo raciocínio vale para a compra do carro ou de qualquer outro bem como roupas, calçados, alimentos etc.

Com relação à realização de uma viagem a passeio (exemplo típico de prestação de serviço), mesmo que a finalidade principal seja a oferta de um bem intangível (a viagem em si), ela é cercada de uma série de bens tangíveis para que possa acontecer.  Por exemplo, se um cliente compra um pacote turístico em uma agência de viagens, certamente ela apresentará uma série de bens físicos para que ocorra o atendimento, tais como computadores, cadeiras, mesas e demais acessórios. Outros bens e serviços serão necessários ao longo de toda a viagem para que a viagem transcorra com sucesso, tais como ônibus, avião, serviços do hotel (atendimento, limpeza dos quartos, oferta de café da manhã, salão de jogos, piscina etc), refeições em restaurantes, entradas em parques, museus, espetáculos etc. Todos demandarão também, em maior ou menor quantidade, a utilização de recursos naturais.

Pelo exposto anteriormente, para que as pessoas possam consumir bens e serviços é necessário que haja sua produção e oferta; para que haja a produção e oferta de bens e serviços é necessária a utilização de recursos naturais. Em outras palavras, a cada vez que o consumo aumenta, a produção e oferta também aumenta e, por conseguinte, haverá a maior utilização dos recursos naturais para suprir essa produção e consumo. Essa combinação de fatores leva ao dilema entre a “produção e oferta de bens e serviços” e a “proteção dos recursos naturais”. Embora esse dilema seja mais crítico nos dias atuais, nem sempre foi assim.

(Trecho retirado do livro “Administração Verde: O caminho sem volta da sustentabilidade ambiental nas organizações”, publicado pela Editora Elsevier. Maiores informações acesse:  www.administracaoverde.com.br).

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