(continuação)

Dois fatores talvez possam explicar este aparentemente distanciamento das questões ambientais das bases da sociedade, chamada por Prahalad (2010) de “base da pirâmide”. O primeiro fator está relacionado com o poder aquisitivo e basicamente com a realidade de muitos países. Como pensar em sustentabilidade se as necessidades básicas como alimentação, moradia e segurança ainda não estão plenamente satisfeitas? Esse raciocínio vai ao encontro da “hierarquia das necessidades” de Maslow (1970), que propunha uma divisão hierárquica, em que as necessidades de nível mais baixo deveriam ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto.

O modelo proposto por Maslow recebeu algumas críticas e foram apontadas algumas limitações. Hofstede (1984) e Wachter(2003), por exemplo, argumentaram que a teoria de Maslow foi derivada principalmente do pensamento ocidental caracterizado por culturas individualistas, não devendo ser aplicada a culturas coletivistas. Todavia, apesar das críticas e limitações, o modelo da “ hierarquia das necessidades” de Maslow ajuda na compreensão do comportamento das pessoas, sobretudo as da “base da pirâmide”.

Para Almeida (2007), a perenidade dos empreendimentos passa necessariamente pelo acompanhamento e reversão do quadro de pobreza que assola uma parcela considerável da população mundial.

O segundo fator, em estreita relação com o primeiro, são as credenciais educacionais. A base da pirâmide tradicionalmente sempre teve menos acesso à educação de qualidade e isso foi reforçado pelo pouco investimento em educação gratuita e de qualidade por países mais pobres, tanto a educação básica como a secundária, que têm papel fundamental na formação dos cidadãos.

(continua)

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Trecho do livro “Consumo Consciente: Por que isso nos diz respeito?”

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(continuação)

Para Sachs (2004), a educação é essencial para o desenvolvimento, pois contribui para o despertar cultural, a conscientização, a compreensão dos direitos humanos, aumentando a adaptabilidade e o sentido de autonomia, bem como a autoconfiança e a autoestima.

Se a educação é um elemento importante para a colocação profissional do indivíduo nas empresas e governos e, em uma amplitude maior, um elemento vital para a compreensão de mundo pelo ser humano, a educação ambiental é uma vertente que lhe proporciona o entendimento da variável “meio ambiente”, bem como da problemática e oportunidades inerentes a ela.

A educação ambiental tem, portanto, um papel crucial na prática do consumo consciente pelas pessoas.

A educação é um elemento importante no desenvolvimento humano, ao passo que a educação ambiental promove a conscientização das pessoas em relação à utilização do meio ambiente, convidando-as a estabelecer ações e atividades que minimizem os impactos ambientais negativos.

No entanto, desde a década de 1960 quando as discussões sobre a problemática ambiental surgiram, passando pelas décadas posteriores em que essas discussões se intensificaram, parece que esse debate nunca chegou às bases da sociedade como deveria chegar. Isso significa que boa parte da população da Terra provavelmente passe alheia aos diversos problemas ambientais, embora contribua para eles, seja por meio de atividades potencialmente poluidoras, consumo irresponsável ou mesmo descarte de resíduos sólidos.

(continua)

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Dizem que se há algo que pode “mudar o mundo” é a educação. A educação é um poderoso instrumento que provoca mudanças substanciais nas pessoas, fazendo-as compreender melhor o mundo em que vivem. Logicamente que, quanto mais cedo ocorre o aprendizado por meio da educação, melhores serão os resultados.

Assim, por meio da educação, as pessoas compreendem os fenômenos físicos, químicos, biológicos, mas também os fenômenos sociais e ambientais. Com a educação, o ser humano passa não apenas a viver no planeta, mas passa a ser um agente de mudanças, que podem ser positivas ou negativas. A educação proporciona meios de o indivíduo compreender o mundo em que vive, proporciona o aprendizado da ciência em suas mais variadas áreas do conhecimento e potencializa o uso de sua inteligência.

Via de regra, quanto “mais estudada” é uma pessoa, maiores são as suas chances de melhor colocação profissional e empregabilidade. Isso ocorre porque o indivíduo com anos de estudos é, em teoria, capaz de compreender melhor as situações que o cercam e capaz de propor soluções para os diversos problemas que surgem. Assim acontece, por exemplo, no mundo empresarial. Profissionais com as mais variadas formações acadêmicas e especializações são contratados pelas organizações para, principalmente em tempos de crise, apresentarem soluções criativas e inovadoras, bem como alternativas viáveis para manter a posição competitiva das empresas. Em alguns casos, os profissionais mais renomados no mercado podem ser disputados a “peso de ouro” pelas empresas.

Idealmente, as pessoas deveriam se preparar desde cedo para alcançarem uma educação que lhes proporcionasse condições de manter sua empregabilidade. Para isso, o indivíduo deve ter uma boa base na educação fundamental e secundária, bem como escolher um curso de graduação que lhe forneça importantes habilidades para sua melhor inserção no mundo do trabalho. Eventualmente, sua formação acadêmica pode contemplar também cursos de pós-graduação, como especialização, mestrado (acadêmico ou profissional), doutorado ou pós-doutorado, demonstrando que há uma preocupação com a continuidade do aperfeiçoamento profissional.

(continua)

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 A frase do título parece um “chavão”, eu sei. Uma frase repetitiva e sem originalidade. Tudo bem, reconheço. No entanto, mesmo sendo “clichê”, o fato é que muitos de nós desconhecemos a força interior que temos. Se algumas coisas realmente não dependem totalmente de nós (como um relacionamento, por exemplo), outras dependem muito de nosso esforço pessoal (como no caso da construção de uma sólida carreira profissional ou acadêmica).

Mas por que me lembrei disso? Dois anos antes de entrar na universidade eu estava numa situação complicada. Tinha terminado o ensino médio e recém tinha prestado o serviço militar. Eu tinha por volta de 19 anos e não tinha muita ideia do que eu faria da vida. Estava trabalhando de servente com meu saudoso pai, um habilidoso e excepcional pedreiro. Quantos de nós não desistimos nas primeiras dificuldades? Aos 19 anos eu estava “cortando um barranco” (literalmente) para retirar terra para fazer massa para assentar tijolos. Sem grandes perspectivas na vida, mas com muito orgulho. Até que ao retirar a terra, eu pensei do nada: “o sucesso depende de mim”. E mais ainda: “eu sempre gostei de estudar. Por que não me dedicar e tentar uma vaga na universidade”? Com estes pensamentos meu trabalho rendeu mais, eu criei um horizonte na minha cabeça e passei a me programar para atingir meus objetivos. Elaborei “cenários mentais futuros” nos quais eu conseguia chegar em meus propósitos. Assim, cursei graduação, fiz mestrado, doutorado e passei a trabalhar em uma universidade. Nada veio do céu, tudo foi com muito esforço, mas havia um caminho que me dispus a seguir. A realidade começa a ser construída no campo das ideias! Mas temos que nos esforçar!

Meu pai sempre quis que nós (meus irmãos e eu) valorizássemos o trabalho dele, porém queria que a gente seguisse outro caminho e estudássemos. Creio que deu certo: os quatro filhos se formaram (dois em Química, um em Matemática e eu na Administração), fizeram mestrado e doutorado e hoje todos trabalham em universidades federais. Filhos de um pedreiro e uma professora de ensino fundamental que souberam usar o “estudo” como ferramenta para construir uma vida diferente.

Aprendemos a importância de todos os tipos de trabalhos e me lembro com saudades e carinho os valiosos ensinamentos que tive do meu pai. Apesar do pouco estudo a sua visão era impressionante. Ter os quatro filhos doutores (de fato e de direito) representa, na prática, o sucesso dele e da minha mãe. O maior mérito é deles, não tenho dúvidas!

Até a próxima!

Ricardo Ribeiro Alves

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